Quer ajudar o cérebro? Treine o seu olfato 3n5o61

Por Mariza Tavares/G1 26534j

Já escrevi que a surdez é a principal causa modificável de declínio cognitivo entre idosos. Vamos imaginar alguém às voltas com o problema desde os 50 anos e que só foi buscar ajuda depois dos 70. São duas décadas de privação auditiva, o que muda o cenário das conexões neurais – é como se aparecessem lacunas que prejudicam a compreensão e afetam a plasticidade do cérebro, que fica menos “afiado”. Estudos também mostram que a progressiva perda do olfato na velhice desempenha papel semelhante, mas a boa notícia é que é possível treinar nossa capacidade de identificar cheiros e melhorar essa função.

Uma equipe multidisciplinar, reunindo pesquisadores do Instituto de Ciência de Tóquio, das universidades Bunkyo Gakuin e Hosei (situadas na capital japonesa) e da Universidade de Artes de Londres, desenvolveu um método para estimular o olfato – o que faz todo o sentido, já que, no Japão, 28.7% da população têm mais de 65 anos.

 

Num jogo imersivo de realidade virtual, o participante começa interagindo com uma estátua de pedra que, quando tocada, libera uma essência. Em seguida, o jogador circula pela paisagem até achar o local de origem daquele odor, como se fosse uma caça ao tesouro. Conforme a pessoa se move, são emitidas emanações sutis, para guiá-la ao lugar correto. Ali há uma lanterna de pedra – bastante comum em jardins japoneses – com três nuvens de vapor, cada uma com um cheiro diferente. É preciso comparar os aromas e acertar o correto.

“A realidade virtual é uma plataforma promissora para simular condições sensoriais num ambiente controlado”, explicou o professor Takamichi Nakamoto, um dos líderes do projeto. Ele acrescentou que, além estimular a memória, a atividade trabalha a navegação espacial. A pesquisa comprovou uma melhora cognitiva dos participantes, com idades que variavam dos 63 aos 90 anos, que aumentaram significativamente sua pontuação no reconhecimento da posição que palavras ocupavam num .