Sentado na poltrona 11A, sobrevivente de queda de avião na Índia contrariou duas estatísticas, apontam estudos 2y4368

Vishwash Kumar Ramesh, que sobreviveu à queda de avião que matou mais de 240 pessoas na Índia nesta quinta-feira (12), estava sentado na poltrona 11A. O homem de 40 anos escapou da aeronave pela saída de emergência e contrariou duas estatísticas: a de mortes em acidentes aéreos e a de sobrevivência de ageiros sentados na parte dianteira do avião. 6c4e4a

Especialistas em aviação ouvidos pelo g1 e estudos apontam que os assentos mais seguros, em geral, ficam na parte traseira, porque a maior probabilidade em um acidente aéreo é que o impacto seja frontal.

Em 2015, uma análise feita pela revista norte-americana TIME, com base em 35 anos de acidentes aéreos registrados pela Agência Federal de Aviação dos EUA, concluiu que ageiros sentados nos assentos de trás tiveram maior taxa de sobrevivência em acidentes aéreos.

Segundo o levantamento, a taxa de mortalidade era de 32% para ageiros sentados na traseira, contra 39% para os que estavam no meio e 38% para os que viajavam na frente da aeronave. O estudo ainda apontou que os assentos do meio da fileira, especialmente na parte traseira, tinham a menor taxa de mortalidade: 28%.

 

Um experimento realizado por uma equipe de televisão em 2012 reforça essa conclusão. Um Boeing 727-200 colidiu intencionalmente no deserto do México, com bonecos de teste distribuídos por toda a cabine. O impacto fez o avião se partir em seções, permitindo que os pesquisadores analisassem os efeitos em diferentes áreas da fuselagem.

O resultado foi claro: os manequins posicionados na cauda ficaram quase intactos, enquanto os que estavam na frente sofreram danos severos ou fatais. Os ageiros localizados na região das asas teriam sofrido ferimentos sérios, mas provavelmente sobreviveriam.

Ao sentar-se na poltrona 11A, o sobrevivente da tragédia na Índia ocupava um lugar bem à frente das asas, mas havia um ponto a seu favor. Segundo um estudo publicado em 2008 pela Universidade de Greenwich, os sobreviventes que estão perto de uma saída de emergência têm mais chances de sair vivos.

Estatísticas não são garantia de sobrevivência
Apesar das evidências estatísticas, especialistas ouvidos pelo g1 afirmam que a natureza do acidente é um fator determinante.

Segundo Gerardo Portela, engenheiro doutor em gerenciamento de riscos aeronáuticos, a parte traseira leva vantagem, mas o lugar mais seguro depende muito do tipo de acidente. "Em um pouso na água, por exemplo, a posição sobre as asas pode ser mais vantajosa, porque elas flutuam”, afirmou.

Já o instrutor de voo e piloto comercial George Rocha, que atua na aviação desde 1981, lembra que os tanques de combustível ficam perto das asas do avião. Portanto, em caso de incêndio, essa área é a mais perigosa.

“Assentos quatro fileiras adiante das asas diminuem a possibilidade das chamas se direcionarem para frente, pois o movimento progressivo da aeronave, mesmo no impacto, empurra a direção das chamas para trás", explica o piloto.

Para a segurança dos seus familiares, Rocha leva em conta as estatísticas. “Eu sempre oriento minhas filhas a se sentarem ou à frente das asas ou lá atrás, na cauda”, afirmou o piloto.

 

Para os especialistas, o caso do sobrevivente ao acidente aéreo na Índia reforça que as estatísticas não são uma garantia individual de sobrevivência. "É uma referência, mas não é a verdade", disse Gerardo Portela.

G2